terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O que há...

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O QUE HÁ em mim é sobretudo cansaço –
Não disto nem daquilo,
Nem se quer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo.
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém.
Essas coisas todas –
Essas e o que falta nelas eternamente – :
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvidas quem ame o infinito,
Há sem dúvidas quem deseje o impossível,
Há sem dúvidas quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

(Álvaro de Campos )

3 comentários:

VASCODAGAMA disse...

MUITO BOM
MAS EU DIRIA....

PORQUE EU DESEJO POSSIVELMENTE O IMPOSSÍVEL.....

BEIJO

Anônimo disse...

Álvaro de Campos...grande poeta. Aqui ele se apresenta carregando um fardo!
esmaque pra ti querida!

Fernando disse...

Olá Lais
as vz sentimos mesmo esse cansaço q vc disse, tem horas em q tudo fica tão dificil e tudo que queremos é parar, parar tudo em nossa vida. Belo texto
bjssss
fernu...7