quarta-feira, 4 de julho de 2007


DESAFIO-TE A AMAR O PROXIMO
A vida toda eu amei indiscriminadamente, amava a todos como permitia a inocência de uma criança. O tempo todo eu desejava ser criança o resto de minha vida talvez na tentativa de não perder essa inocência capaz de amar sempre que um sorriso nos é oferecido. Mas isso é impossível nesse mundo onde vidas são arrastadas pelo asfalto sem misericórdia, sem amor algum. É uma animalidade que cada dia mais domina todos os lares que um dia já viveram em harmonia. São funcionários que estupram garotinhas, empregadas que espancam velhos e bebês, filhos que matam os próprios pais. Tentei conservar a todo custo a criança dentro de mim, nutria essa necessidade com desejos infantis, desenho, música, atividades lúdicas, mas mesmo eu acabei banalizando a violência. Já não me impressiono com mortes anunciadas na televisão, não me emociono diante da grandeza de um aleijado praticando esportes como o futebol.Acho que finalmente estou virando adulto e cada vez me odeio mais por isso. Odeio-me por ser um ser humano e ter semelhantes capazes de tamanhas atrocidades.Por ter seres da mesma espécie que eu incapazes de amar nem mesmo sua espécie. Meus cachorros demonstram amor maior do que homens, cavalos expressam mais sentimentos em olhares do que alguns seres “humanos”. Pergunto-me todos os dias se estou no lugar certo. Se foram minhas opções que me trouxeram aqui. Se essa reação em cadeia chamada vida me levou através de alguma ação a formar delinqüentes. Se meu descaso e a venda que se colocavam todas às vezes diante dos meus olhos quando a indiferença estava diante deles causou uma morte como a do jovem que parou o país.Então eu me pergunto. Porque uma barbaridade tão grande como arrastar um jovem por quilômetros mobiliza tantas pessoas em um país e uma morte causada por um projétil (tiro) não causa a mesma...
Diziam que o ser humano é atraído por tudo aquilo que destoa, algo diferente do resto, que foge a regra. Será que a morte assassinada já se tornou uma regra, e ela não basta, tem que ser inovada para chamar a atenção?Tenho um desgosto enorme por mim mesmo que faço parte dessa sociedade.Preferia ser um animal que não pensasse tanto e que não tivesse tanta consciência, pois assim eu não me crucificaria tanto por meus erros.Em uma charge estava Jesus cristo com músculos descomunais estourando a cruz de madeira e dizendo: “Foda-se seus pecados, EU estou dando o fora daqui”. Aquela charge me fez pensar se ele realmente deu a vida para nos salvar de nossos pecados, o que seria do mundo hoje se ele não o tivesse feito.Eu sou imperfeito demais para mudar o mundo, mesmo porque parece que nem mesmo Jesus conseguiu, mas sou perfeito o suficiente graças a ele pra manter minha consciência tranqüila. Posso ter deixado de amar indiscriminadamente, mas ainda ta em tempo pra eu reaprender a me importar com os outros, de me chocar com a violência e me emocionar com “gigantes” que jogam bola sem as pernas.
Quero parar um dia quando vir jovens se prostituindo, quando me deparar com todo o tipo de violência, e me surpreender com coisas que são consideradas hoje pequenas. Não quero mais esperar que um jovem seja brutalmente assassinado para que eu pare e pense a qual rumo minha vida estaria sendo levada.Espero chegar o dia em que eu veja um beija-flor a beira da morte e deixe escorrer lágrimas com a mais sincera emoção.Sempre fui superado em muitas coisas, mas essa seria uma em que eu teria o prazer de ser ultrapassado. Já que o ser humano vive em função de desafios para tentar mudar alguma coisa, vou tentar numa luta desesperada, alterar o foco da disputa. Ao invés de desafiá-lo com provas de força, resistência, masculinidade, e até mesmo com provas que constata o Q.I mais elevado dentre os demais eu apenas o desafio a tentar ser melhor, a ser mais emotivo e principalmente desafio-te a amar e demonstrar mais compaixão do que eu e seu próximo já demonstra. Diga a todos para tentarem superá-lo, e tente superar a todos. Quero ver você ganhar essa luta.
Autor: Luis Sérgio Baptista Júnior

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